terça-feira, 31 de julho de 2012

Instabilidade Anterior do Ombro (Post em série - Parte 1)


O ombro é a articulação mais dotada de movimentação livre no corpo humano, permitindo flexão, extensão, hiperextensão, abdução, adução, abdução e adução horizontais, e rotação medial e lateral do úmero. (HALL, 2005)
Segundo Kapandji (2007) ainda existe o movimento de circundução. Onde conceitua este movimento como sendo a combinação dos movimentos elementares ao redor dos três eixos, forçados em sua amplitude máxima.
A instabilidade do ombro é uma condição patológica, onde a translação na interface glenoumeral se torna excessiva, causando dor e desconforto, representando a quebra do equilíbrio entre os estabilizadores estáticos e dinâmicos do ombro. (LECH et al, 2005)
A instabilidade do ombro é um problema clínico comum, ocorrendo mais freqüentemente à instabilidade anterior. (FERREIRA NETO et al, 2011)
Ocorre devido à estrutura frouxa da articulação glenoumeral permitir grande mobilidade, mas proporcionando pouca estabilidade, podendo as luxações ocorrerem nas direções anterior, posterior e inferior. (WHITING; ZERNICKE, 2001)
As luxações glenoumerais acontecem normalmente quando o úmero é abduzido e rodado externamente, sendo as luxações ântero-inferiores mais comuns que as outras. O que leva também a grande predisposição a luxações da cavidade glenóide, é o fato do tamanho insuficiente da cavidade glenóide, a inclinação anterior dessa cavidade, a retroversão inadequada da cabeça do úmero e déficits nos músculos do manguito rotador. (HALL, 2005)
A instabilidade glenoumeral anterior pode ser dividida em: luxação traumática aguda e luxação recidivante ou subluxação. A maioria das luxações anteriores agudas ocorre com o braço abduzido a 90º, em extensão e rodado externamente. Isso ocorre geralmente quando é aplicada uma força anormal ao braço do atleta que está executando o arremesso. (ANDREWS et al, 2000)
Segundo Souza (2001) e como já citado acima a maior incidência das instabilidades glenoumerais ocorre no sentido anterior, e o tratamento conservador parece ser o mais efetivo nos casos não traumáticos. Também enfatiza a importância dos testes clínicos, pois a avaliação clínica é o que deve determinar a condução do trabalho fisioterapêutico.
Segundo Andrews et al (2000) a subluxação ou instabilidade anterior do ombro pode instalar-se sem história de traumatismo, sendo comum nos arremessadores. Com freqüência, o ombro subluxado recebe a designação de “síndrome do braço morto”, pois se caracteriza por perda da força e potência do ombro, além de sensação de estalitos.
A classificação das instabilidades do ombro é baseada tradicionalmente na direção (anterior, posterior, inferior e multidirecional), no grau (subluxação, luxação e microtrauma), na freqüência (aguda, recorrente e crônica) e na etiologia (traumática, atraumática, microtrauma, congênita e neuromuscular). Na maioria das vezes, as instabilidades anteriores são diferenciadas em duas formas: TUBS (traumatic, unidirecional, Bankart lesion, surgery) e AMBRI (atraumatic, multidirecional, bilateral, rehabilitation, inferior capsular shift). (HONDA et al, 2006)
Epidemiologia
A luxação anterior recidivante do ombro é lesão bastante freqüente nos consultórios ortopédicos, acometendo principalmente em jovens, muitas vezes atletas, praticantes de esportes de contato; pode evoluir para episódios recorrentes de instabilidade sintomática e ser bastante incapacitante. Ocorre em todas as idades, com complicações relativas a cada período; em jovens, comumente durante esportes de contato e, em idosos, após traumas de baixa energia. (LECH et al, 2005)
As luxações são lesões comuns na região do ombro, sendo a articulação glenoumeral a mais comumente luxada em todo o corpo (45% das luxações) ocorrendo em torno de 1,5 a 2,0 % da população em geral (VASCONCELOS, 2003). Nos esportes, as lesões de ombro correspondem a 8 a 20% do total das lesões. (TOLEDO et al, 2009)
A instabilidade anterior do ombro tem incidência superior a 95% dos casos. A instabilidade posterior tem uma incidência de 2%. Há ainda instabilidade inferior, bidirecional e multidirecional que, no entanto têm predomínio numa ou mais direções. (CARTUCHO et al, 2007)
Aproximadamente 25% dos pacientes relatam história familiar e alguns estudos demonstraram que a taxa de recorrência da lesão é alta, sendo maior quanto mais novo o paciente, acometendo praticamente 100% daqueles com até 10 anos de idade. (HONDA et al, 2006)
De acordo com Browner et al (2000) na série de Rowe de mais de 500 luxações de ombro, 95% das luxações foram classificadas como traumáticas.
Manetta; Righi; Nicoletti (2000) em estudo epidemiológico realizado com 120 pacientes obteve que a luxação anterior do ombro é mais comum em homens, brancos e destros. Em 19 (15,8%) pacientes, o histórico familiar foi positivo.
Levando em consideração apenas a articulação do ombro, Ejnisman et al (2001), avaliaram 119 atletas de diversas modalidades, com queixas relacionadas à região do ombro e constataram que 95 pacientes (79,8%) eram do sexo masculino, 71 (59,6%) arremessadores e 76 (63,8%) competitivos. O membro dominante foi acometido em 76 (66,3%) dos casos. As lesões traumáticas foram mais freqüentes nos esportes de contato e as lesões atraumáticas nos atletas arremessadores, 86 atletas (72,2%) queixaram-se de dor. O mecanismo atraumático, com 66 (55,4%) casos, foi mais freqüente, seguido dos traumas diretos, com 37 (31%), e traumas indiretos com 16 (13,6%). O tipo de lesão mais freqüente foi a luxação, com 35,7%, seguido das tendinites, com 31%. O retorno ao esporte ocorreu em média após sete semanas; 89 (74,8%) atletas retornaram ao mesmo nível de competição e 24 (20,2%) diminuíram seu desempenho; seis (5%) não voltaram ao esporte.
Mecanismo de lesão
Segundo Lillegard; Butcher; Rucker (2002) há principalmente dois mecanismos de lesão. O primeiro com traumatismo direto sobre a articulação do ombro, como por exemplo, um golpe direto sobre o acrômio ou sobre a região posterior do ombro, causando a luxação anterior. E o segundo com traumatismos indiretos, como descrição abaixo.
O principal mecanismo de lesão na luxação anterior do ombro se dá por uma força indireta aplicada sobre o braço, com o mesmo abduzido a 90º, estendido e rodado externamente. (PLACZEK; BOYCE, 2004)

REFERÊNCIAS

ANDREWS, James R.; HARRELSON, Gary L.; WILK, Kevin E. Reabilitação física das lesões desportivas. 2ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
BROWNER; JUPITER; LEVINE; TRAFTON. Traumatismos do sistema musculoesquelético: fraturas, luxações, lesões ligamentares. 2ª edição. Volume II. Barueri: Manole, 2000.
CARTUCHO; BATISTA; SARMENTO. Conceitos actuais sobre instabilidade do ombro. Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto. Vol. 1. Nº 2. Julho/2007.
EJNISMAN B.; ANDREOLI CV.; CARRERA EF.; ABDALLA RJ.; COHEN M.: Lesões músculo-esqueléticas no ombro do atleta: mecanismo de lesão, diagnóstico e retorno à prática esportiva. Revista Brasileira de Ortopedia. Vol. 36, Nº. 10. Outubro, 2001.
FERREIRA NETO; CAMANHO; FELIX; BENEGAS; BITAR; RAMADAN. Tratamento artroscópico da instabilidade anterior do ombro. Estudo retrospectivo de 159 casos. Acta Ortop. Bras. Vol. 19, nº 01, 2011.
HALL, Susan. Biomecânica Básica. 4ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
HONDA; AIHARA; NATOUR; FERNANDES. Artro-ressonância do ombro na instabilidade anterior. Rev. Bras. Reumatol. São Paulo. Vol. 46. Nº 3. Junho/2006.
LECH; FREITAS; PILUSKI; SEVERO. Luxação recidivante do ombro: do papiro de Edwin Smith à capsuloplastia térmica. Rev Bras Ortop. Vol. 40. Nº 11/12, 2005.
LILLEGARD; BUTCHER; RUCKER. Manual de medicina desportiva: Uma abordagem orientada aos sintomas. 2ª edição. Barueri: Manole, 2002.
KAPANDJI. Fisiologia articular. 6ª edição. Volume 01. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 
MANETTA; RIGHI; NICOLETTI. Epidemiologia e histórico familiar na instabilidade articular do ombro. Rev Bras Ortop. Vol. 35, Nº 1/2 – Jan/Fev, 2000.
PLACZEK; BOYCE. Segredos em fisioterapia ortopédica: Respostas necessárias ao dia-a-dia em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SOUZA, Marcial Zanelli. Reabilitação do complexo do ombro. São Paulo: Manole, 2001.
TOLEDO; RIBEIRO; LOSS. Análise por dinâmica inversa, um complemento da avaliação fisioterapêutica do ombro. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, VOL.16, Nº.3, jul./set. 2009.
WHITING, W. C.; ZERNICKE, R. F. Biomecânica da lesões musculoesquelética. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Principais Alterações Biomecânicas na Marcha do Idoso



O crescente aumento da população idosa em todo mundo e também no Brasil, comprovada por numerosos estudos demográficos e epidemiológicos, tem colocado para os órgãos governamentais e para a sociedade os desafios médicos e socioeconômicos próprios do envelhecimento populacional. No Brasil, onde o envelhecimento populacional tem revelado crescimento exponencial e cuja projeção para o ano de 2025 mostra que o número de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos será de 32 milhões.
O envelhecimento é um fenômeno do processo da vida que assim como a infância, a adolescência e a maturidade, são marcadas por mudanças biopsicossociais específicos, associados à passagem do tempo. O envelhecimento biológico é um processo natural, dinâmico, progressivo e irreversível, que provoca no organismo alterações bioquímicas, morfológicas e fisiológico.
As alterações leves começam a aparecer em alguns pacientes após 60 a 65 anos de idade. Há uma tendência a andar em um ritmo mais lento, confortável, com velocidades rápidas sendo efetuadas mais pelo aumento da cadência do que da extensão da passada. As excursões articulares e o comprimento da passada podem diminuir, e o período de duplo suporte pode aumentar, constituindo uma marcha mais estável.
Uma alteração da marcha que não se relaciona com doença cerebral fraca é um achado quase universal do envelhecimento. Uma postura discretamente curvada para frente, graus variados de lentidão e rigidez à deambulação; encurtamento da passada, discreto alargamento da base e tendência para virar o corpo em bloco constituem suas principais características. Estes ligeiros encurtamento e alargamento da passada fornecem uma base de sustentação a partir da qual o indivíduo idoso mantém com mais confiança seu equilíbrio. Estes aspectos resultam em uma marcha algo defensiva assemelhando-se à de uma pessoa que caminha sobre uma superfície escorregadia ou no escuro. Com o envelhecimento; há perda da velocidade, do equilíbrio e de muitos dos movimentos adaptativos e graciosos que se associam à marcha normal. A propriocepção inadequada, a lentidão para executar as respostas posturais corretivas e a fraqueza das musculaturas pélvica e da coxa são, provavelmente, fatores contribuintes.
O envelhecimento leva ao aumento da cifose torácica, perda da lordose lombar e deslocamento anterior do centro de gravidade; anteriorização da cabeça; diminuição da capacidade de elevação do pé na fase de balanço, passos e passadas mais curtos (devido a manutenção da flexão do joelho no final da fase de balanço, pela diminuição de força do quadríceps), aumento do tempo de duplo apoio; perda do movimento de rolamento do pé (do toque do calcâneo ao desprendimento do hálux); diminuição da amplitude de movimento articular dos membros inferiores e redução do movimento dos braços e diminuição da velocidade da marcha normal.
Diante dos estudos realizados percebemos que a marcha do idoso caracteriza-se por uma marcha lenta. A redução da velocidade é da ordem de 1 a 2% por década até os 60 anos, mais tarde varia entre 7% por década. A redução da velocidade se dá pela redução da amplitude dos passos.
As alterações sensoriais no envelhecimento podem influenciar a marcha, principalmente as relacionadas à acuidade visual e sensibilidade plantar. Portanto um estilo de vida ativo (realização de caminhadas) pode ajudar a marcha do idoso ao manter a força muscular e estimular o equilíbrio. O período unipodal está diminuído em idosos, porém ainda representa 74 a 80% do ciclo da marcha. O período de suporte bipodal é mais longo. O aumento da velocidade da marcha de uma pessoa idosa ocorre  à custa  de um aumento da freqüência das passadas, ao invés de aumentar o comprimento de cada passada, como os jovens.
Ocorre redução do balanço normal dos braços, diminuição da rotação e inclinação pélvica e aumento do ângulo de flexão do joelho, normalmente com manutenção da cadência. Os passos são mais curtos, é consumido menor tempo em apoio unipodal.  A marcha ocorre com a pelve rodada anteriormente e ligeiramente fletida e os pés rodados lateralmente. É comum a cifose dorsal e a flexão plantar está diminuída na fase final de apoio.


domingo, 29 de julho de 2012

Fisioterapia Home Care


A fisioterapia em casa ou home care, busca o melhoramento de vida através dos benefícios proporcionados ao paciente como: maior comodidade, melhor afinidade e contato com o Fisioterapeuta. 

O profissional deve observar as reais dificuldades e as necessidades do paciente em suas atividades da vida diária e recuperação rápida, pois o tratamento é personalizado. 

A fisioterapia em casa nada mais é do que um serviço oferecido aos pacientes que apresentam dificuldades para realizar o seu tratamento fisioterapêutico em clínicas, hospitais e ambulatórios de saúde. Seja por motivos de transporte, tempo, distância ou condições físicas, entre outros. As principais patologias tratadas neste ambiente são as ocasionadas por sequelas  neurológicas, pós-operatório de cirurgias ortopédicas ou cardíacas, complicações respiratórias, pacientes senis.

O Fisioterapeuta que atende em casa, trata e reabilita na casa do paciente, de acordo com suas necessidades. Alguns planos de saúde oferecem esse serviço de fisioterapia em casa gratuitamente.

Fonte: portaleducacao.com.br


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Boas Vindas e objetivo do blog!!!

Olá, meu nome é Ederson Roberto Rodrigues de Melo, sou fisioterapeuta. Informo aos usuários que este blog têm por objetivos a publicação de pesquisas científicas, assim como também a publicação de estudos de casos das mais diversas patologias, sempre dando enfoque principal ao tratamento fisioterapêutico.

Sintam-se a vontade para expor suas idéias, sugestões e reclamações!!!

Estou a disposição!!!