O crescente aumento da população
idosa em todo mundo e também no Brasil, comprovada por numerosos estudos
demográficos e epidemiológicos, tem colocado para os órgãos governamentais e
para a sociedade os desafios médicos e socioeconômicos próprios do envelhecimento
populacional. No Brasil, onde o envelhecimento populacional tem revelado
crescimento exponencial e cuja projeção para o ano de 2025 mostra que o número
de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos será de 32 milhões.
O envelhecimento é um fenômeno do
processo da vida que assim como a infância, a adolescência e a maturidade, são
marcadas por mudanças biopsicossociais específicos, associados à passagem do
tempo. O envelhecimento biológico é um processo natural, dinâmico, progressivo
e irreversível, que provoca no organismo alterações bioquímicas, morfológicas e
fisiológico.
As alterações leves começam a
aparecer em alguns pacientes após 60 a 65 anos de idade. Há uma tendência a
andar em um ritmo mais lento, confortável, com velocidades rápidas sendo efetuadas
mais pelo aumento da cadência do que da extensão da passada. As excursões
articulares e o comprimento da passada podem diminuir, e o período de duplo
suporte pode aumentar, constituindo uma marcha mais estável.
Uma alteração da marcha que não
se relaciona com doença cerebral fraca é um achado quase universal do
envelhecimento. Uma postura discretamente curvada para frente, graus variados
de lentidão e rigidez à deambulação; encurtamento da passada, discreto
alargamento da base e tendência para virar o corpo em bloco constituem suas
principais características. Estes ligeiros encurtamento e alargamento da
passada fornecem uma base de sustentação a partir da qual o indivíduo idoso
mantém com mais confiança seu equilíbrio. Estes aspectos resultam em uma marcha
algo defensiva assemelhando-se à de uma pessoa que caminha sobre uma superfície
escorregadia ou no escuro. Com o envelhecimento; há perda da velocidade, do
equilíbrio e de muitos dos movimentos adaptativos e graciosos que se associam à
marcha normal. A propriocepção inadequada, a lentidão para executar as
respostas posturais corretivas e a fraqueza das musculaturas pélvica e da coxa
são, provavelmente, fatores contribuintes.
O envelhecimento leva ao aumento
da cifose torácica, perda da lordose lombar e deslocamento anterior do centro
de gravidade; anteriorização da cabeça; diminuição da capacidade de elevação do
pé na fase de balanço, passos e passadas mais curtos (devido a manutenção da
flexão do joelho no final da fase de balanço, pela diminuição de força do
quadríceps), aumento do tempo de duplo apoio; perda do movimento de rolamento
do pé (do toque do calcâneo ao desprendimento do hálux); diminuição da amplitude
de movimento articular dos membros inferiores e redução do movimento dos braços
e diminuição da velocidade da marcha normal.
Diante dos estudos realizados
percebemos que a marcha do idoso caracteriza-se por uma marcha lenta. A redução
da velocidade é da ordem de 1 a 2% por década até os 60 anos, mais tarde varia
entre 7% por década. A redução da velocidade se dá pela redução da amplitude
dos passos.
As alterações sensoriais no
envelhecimento podem influenciar a marcha, principalmente as relacionadas à
acuidade visual e sensibilidade plantar. Portanto um estilo de vida ativo
(realização de caminhadas) pode ajudar a marcha do idoso ao manter a força
muscular e estimular o equilíbrio. O período unipodal está diminuído em idosos,
porém ainda representa 74 a 80% do ciclo da marcha. O período de suporte
bipodal é mais longo. O aumento da velocidade da marcha de uma pessoa idosa
ocorre à custa de um aumento da freqüência das passadas, ao
invés de aumentar o comprimento de cada passada, como os jovens.
Ocorre redução do balanço normal
dos braços, diminuição da rotação e inclinação pélvica e aumento do ângulo de
flexão do joelho, normalmente com manutenção da cadência. Os passos são mais
curtos, é consumido menor tempo em apoio unipodal. A marcha ocorre com a pelve rodada
anteriormente e ligeiramente fletida e os pés rodados lateralmente. É comum a
cifose dorsal e a flexão plantar está diminuída na fase final de apoio.
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