terça-feira, 7 de agosto de 2012

Tratamento Fisioterapêutico da Instabilidade Anterior do Ombro (Post em série - Parte 3)

              O programa de reabilitação do ombro destina-se a restaurar a ADM e a FM do ombro de maneira funcional e progressiva. A reabilitação do ombro deve concentrar-se em aumentar a ED, através do fortalecimento dos músculos do MR, por causa da natureza relativamente fraca das contenções estáticas ao redor da articulação glenoumeral (ANDREWS et al, 2001).
O programa de reabilitação pós-operatório é constituída de quatro fases, cada uma constituída de objetivos baseados em critérios para determinar o ritmo de progressão. A primeira fase é a de proteção máxima e tem como objetivos o alívio do desconforto e a redução dos sintomas, manutenção da mobilidade articular e prevenção da atrofia muscular. A segunda fase é chamada de fase subaguda, onde compreende a restauração da ADM normal, melhoria da força e diminuição da dor. A terceira fase é a de fortalecimento seletivo, incluindo o treinamento de endurance muscular, exercícios em cadeia cinética aberta e treino proprioceptivo para auxiliar na estabilização do ombro. A última fase é o retorno a função, onde são realizadas atividades nas quais o paciente irá realizar no seu cotidiano de trabalho, lazer ou esportivo (CANAVAN, 2001).
Segundo Placzek & Boyce (2004) durante o período de imobilização são iniciados exercícios isométricos (Fig.14) progressivos para prevenir a paralisação do MR. Alguns pacientes preferem a realização de movimentos limitados em uma amplitude protegida, como um método adicional para prevenir a paralisação do MR. Porém deve ser tomado cuidado nos movimentos de abdução e rotação externa para evitar e prevenir tensão excessiva na cápsula anterior. 

Cinesioterapia
A cinesioterapia deve ser uma intervenção central na maioria dos planos de tratamento fisioterapêutico, principalmente nas disfunções do sistema músculo-esquelético, pretendendo eliminar ou reduzir a limitação funcional (LF) e a incapacidade, além de minimizar a progressão da patologia e prevenir a ocorrência de condições secundárias e de recidivas. Além disto, a intervenção com exercício terapêutico possibilita ao indivíduo tornar-se um participante ativo no plano de tratamento, promovendo a independência funcional e a auto-responsabilidade dos pacientes. O exercício terapêutico é o principal recurso na reabilitação do ombro (GONÇALVES, 2009).
Segundo Cartucho et al (2007) o tratamento conservador é o método de eleição para a instabilidade não traumática e para a instabilidade adquirida. A intervenção visa aumentar a compressão da cabeça umeral na glenóide e normalizar o ritmo escapulo-torácico.
De acordo com Souza (2001), a abordagem do tratamento conservador, refere-se como um intenso fortalecimento dos músculos escapulares e glenoumerais, associado a trabalhos de controle neuromuscular proprioceptivo, determinando um bom prognóstico.
Temos ainda como objetivo a estimulação a atividade ou o tônus nos músculos que estabilizam a articulação do ombro, e manter uma amplitude de movimento passiva completa sem dor e sem trauma na articulação e estruturas ao redor (DAVIES,1996).
Além disso, é importante uma estimulação frequente e o número de repetições uma vez que melhoram a conscientização e a habilidade para a ativação, mais do que um exercício isolado uma vez por dia (MARGAREY & JONES, 2003).
Os exercícios terapêuticos para o ombro devem enfatizar a força, endurance e ED. Uma ampla variedade de aparelhos e técnicas pode ser usada para alcançar os objetivos específicos do tratamento. Alguns aparelhos e técnicas podem ser usados para aperfeiçoar o tratamento como: ciclo-ergômetro para MMSS (utilizado na fase inicial para restaurar a ADM e nas fases subseqüentes para aumentar a resistência muscular), máquinas isocinéticas (fortalecimento em contração excêntrica principalmente), facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) e exercícios de resistência manual (para facilitar as sinergias musculares), tubo ou faixa elástica (para fortalecer principalmente os padrões diagonais) (ANDREWS et al, 2000).
Terapia manual
As técnicas de mobilização glenoumeral são importantes para alcançar o movimento acessório nos estágios iniciais da cicatrização sem submeter à articulação as altas forças do alongamento passivo. As mobilizações de grau I e II, anterior-posterior, inferior-superior e para uma separação longa do braço, podem ser usadas no início do programa de reabilitação para neuromodular a dor do paciente. As mobilizações de grau III e IV podem ser acrescentadas nas fases subseqüentes da reabilitação para aumentar a flexibilidade da cápsula (ANDREWS et al, 2000).
Os exercícios de amplitude de movimento ativos assistidos devem ser iniciados juntamente com a mobilização articular, a fim de aumentar e manter a ADM do ombro e a flexibilidade dos tecidos moles. As práticas para esses exercícios são a atividade pendular (Fig. 15), o exercício com corda e polia (roldana de teto) e os exercícios com bastão (CANAVAN, 2001).

Todo tipo de equipamento é utilizado para facilitar os exercícios ativos assistidos, como por exemplo, as polias e cordas (roldana de teto), roldana de ombro, bastões, faixa elástica. Outro fator importante a ser considerado é a gravidade. Se o exercício é praticado com a assistência da gravidade, isto pode aumentar o efeito de mobilização sobre a estrutura alvo (PORTER, 2005).
Alongamento
Segundo Pardini & Freitas (2003) os exercícios de alongamentos devem ser evitados, pois o ombro é excessivamente móvel, como também exercícios de levantamento de peso e o uso de alavancas longas.
REFERÊNCIAS
ANDREWS, J; HARRELSON, G; WILK, K. Reabilitação física das lesões desportivas. 2ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
CANAVAN, P. Reabilitação em medicina esportiva: Um guia abrangente. Barueri: Manole, 2001.
CARTUCHO, A. Protocolo básico para reabilitação pós cirurgia artroscópica por instabilidade do ombro. Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto. Vol. 2. Nº 2. 2007.
DAVIES, P. Passos a seguir: um manual para o tratamento da hemiplegia no adulto. São Paulo: Manole, 1996.


GONÇALVES, G. Síndrome do impacto: revisão do tratamento conservador. Monografia (Bach. em Fisioterapia). Faculdade de Saúde de São Paulo, 2009.
MARGAREY, M; JONES, M. Dynamic evaluation and early management of altered motor control around the shoulder complex. Manual Therapy, VOL. 8. Nº 4, 2003. 

PARDINI, A; FREITAS, J.Tratamento fisioterapêutico do membro superior In: HEBERT; XAVIER. Ortopedia e Traumatologia – Princípios e Práticas. 3 edição. Porto Alegre: Artmed, 2003.


PLACZEK, J; BOYCE, D. Segredos em fisioterapia ortopédica: Respostas necessárias ao dia-a-dia em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
PORTER, S. Fisioterapia de Tidy. 13ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

SOUZA, M. Reabilitação do complexo do ombro. São Paulo: Manole, 2001.


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